O Dilema da China: Stablecoins dos EUA, a Lei GENIUS e a Batalha pela Soberania Monetária Em "A China Está Preocupada com Stablecoins Lastreadas em Dólares", Zongyuan Zoe Liu explora como a Lei GENIUS dos EUA—abreviação de Guiding and Establishing National Innovation for U.S. Stablecoins—está reformulando a dinâmica monetária global e provocando profunda preocupação em Pequim. A Lei GENIUS formaliza um sistema em que bancos dos EUA podem emitir stablecoins lastreadas em dólares—tokens digitais atrelados ao dólar e respaldados um a um por reservas reais. Como esses tokens podem ser resgatados por dólares a pedido, eles podem se tornar instrumentos financeiros equivalentes a dinheiro e poderiam circular fora do sistema bancário tradicional, mesmo através de fronteiras, contornando controles de capital e permanecendo além do escrutínio total de qualquer governo nacional. A escala potencial dessa mudança é impressionante. Algumas estimativas sugerem que até $1,75 trilhões em stablecoins lastreadas em dólares poderiam entrar em circulação nos próximos anos. Do ponto de vista da China, esses desenvolvimentos representam uma séria ameaça política e econômica. Stablecoins lastreadas em dólares oferecem liquidez global, programabilidade e anonimato entre pares. Elas poderiam minar o regime de controle de capital da China e seu sistema cuidadosamente gerido de fluxos financeiros dirigidos pelo estado. Na prática, podem erodir a capacidade de Pequim de impor disciplina financeira e proteger a lealdade entre as elites. Embora a China tenha sido pioneira na mineração e negociação de criptomoedas desde o início, desde então baniu a maioria das atividades cripto, citando riscos de financiamento ilícito. Em vez disso, concentrou-se em promover a blockchain sob controle estatal e lançou seu yuan digital (e-CNY)—uma moeda digital de banco central altamente monitorada e programável. Em resposta, a China parece estar testando um modelo diferente através de Hong Kong: a legislação agora permite que entidades licenciadas emitam stablecoins atreladas ao dólar de Hong Kong ou ao renminbi offshore sob supervisão regulatória. Essas moedas tokenizadas poderiam circular globalmente enquanto mantêm o alcance dos controles de estabilidade de Pequim. Com verificação de nome real, integração de ID digital e recursos programáveis, tais stablecoins poderiam preservar a disciplina de capital enquanto permitem liquidez offshore. Em última análise, Liu argumenta que a China vê sua estratégia de moeda digital como uma inovação centralizada e controlada—uma arquitetura projetada para reforçar, e não relaxar, o controle estatal. Em contraste, as stablecoins lastreadas em dólares dos EUA, impulsionadas pela Lei GENIUS, poderiam ganhar domínio através da escala e abertura, representando tanto um desafio à soberania monetária da China quanto um reflexo de uma rivalidade geoeconômica mais ampla. Fonte: Este resumo é baseado na análise de Zongyuan Zoe Liu, colunista da Foreign Policy e bolsista Maurice R. Greenberg para Estudos da China no Council on Foreign Relations, em seu artigo de 19 de agosto de 2025 para a Foreign Policy.
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